Críica: 'Selma: Uma Luta Pela Igualdade' tem uma ótima história, mas peca em uma narrativa sem intensidade
Indicado ao Oscar de melhor filme em 2015 o filme Selma: Uma Luta Pela Igualdade, trouxe um dos momentos mais emblemáticos da luta dos negros americanos. A marcha de Selma a Montgomery, capital do Alabama, em favor do direito ao voto da população negra no Estado, liderada pelo pastor Martin Luther King.
Existe um paralelo com os dias de hoje no discurso do filme, que reforça a violência policial e os conflitos políticos sobre leis que beneficiam o povo negro.
O filme começa com a morte de uma criança na escada, em uma sequência mais impactantes do longa, depois vemos King recebendo o Nobel da Paz e encontramos um contraste quando ele percebe que lá em Selma, as autoridades pouco se importam com isso. A diretora Ava DuVernay escolheu esse recorte da biografia de King por acreditar não ter sido bem retratado ainda, porém me parece que ela tentou evitar fazer algo melodramático e este medo pode ter transformado seus esforços em um filme contido, explicativo e com poucas cenas memoráveis.
Li outras críticas falando que o fato de ter sido indicado ao Oscar de melhor filme e nenhum outro relacionado (Diretor, Fotografia, Edição, etc) mostra que a importância está mais no tema do que no filme. Infelizmente preciso concordar.
Claro que a fotografia é muito bonita e bem feita, mas a dinâmica do filme não parecia valorizar alguma necessidade dramática. A Atuação do David Oyelowo seguiu por essa linha e mostrou um King com dramas pessoais, familiares mas sem se aprofundar nisso a ponto de nos conectar emocionalmente.
Um dos meus maiores pesar sobre esse filme é na retratação de Malcon-X, uma outra figura extremamente importante para a sociedade negra, que é citado várias vezes, incluindo o primeiro encontro de Martin L. King com o presidente Jhonson até o momento em que sua morte é comentada em um culto. Sua passagem é extremamente vaga e não adiciona nada a narrativa, assim como a retratação dos ataques da KKK (Ku Klux Klan) naquele estado - ela quase não é citada.
Isso me deixou com a sensação de que a história foi contada por cima, olhando pontos chaves, mas evitando a ação de centro daquele contexto. A trilha sonora segue a cartilha das cinebiografias, com violinos e pianos em momentos oportunos... mas o destaque maior e realmente merecido é para Glogy de John Legend com participação de Common . O final do filme mostra cenas reais da marcha, um fechamento digno pra obra.
Vale a pena ver o filme? Claro que vale.
Nota: 3
Assista o Trailer de Selma: Uma Luta Pela Igualdade