#ConsciênciaNegra A visão do Preto Mundo
Como hoje é dia da Consciência Negra, procurei alguns personagens que pudessem nos mostrar o que fazem e como fazem para propagar a ideia e o orgulho negro pela internet. Me deparei com alguns, que tem um trabalho fantástico como a página Preto Mundo (no Facebook).
A editora da página, Mônica Francisco, mora no RJ e é estudante da Especialização de Diversidade Étnica e Educação Superior Brasileira da UFRRJ. Ela respondeu algumas perguntas bem esclarecedoras sobre o trabalho que vem desenvolvendo.Tenho três páginas no Facebook : Atividades Denuncio, Preto mundo e Pretas e elas surgiram da minha necessidade pessoal de abordar as questões raciais dentro do contexto de uma rede social visto que sempre fui a encontros, palestras, fiz alguns cursos sobre o tema e trabalhei em projetos sociais que tinham esse recorte racial. Ano passado vivenciei situações de racismo explícito em que mesmo quando eu não era a vítima, por ter nível superior falar línguas e tal me sentia bastante atingida pois sou parte de um grupo e ter me ‘diferenciado’ no tocante a escolarização não me torna não pertencente a ele.
Comecei no Atividades Denuncio a postar fragmentos de textos, livros, fotos, referências sobre as questões raciais aliando sempre a uma tentativa de problematização sobre a questão racial a partir de experiências vividas por mim e outros mas primando pela referenciação teórica.
O Preto mundo surge de uma paixão por gentes pretas, adoro, ttinha um arquivo cheio de fotos de povos africanos oriundos de várias partes de África e comecei a postar, depois comecei a pensar na diáspora e ampliar o conceito de mundo ‘ globalizado, contemporâneo ‘ misturando fotos de arte, moda, imagens de pessoas comuns, famosas e assim pluralizar os universos culturais e sociais de nosso povo.E a partir daí pensar em cultura, diáspora, globalização, religião. E na verdade acho que dividir essas belezas humanas me torna mais pensante sobre a nossa diversidade como negros, como pessoas, como seres humanos em ‘evolução ‘. E a propósito da página eu digo.Onde começa a termina a civilização e começa a cultura. O que é belo? O que vemos ou que o senso comum nos mostra por meio da mídia? Quem sou eu e quem é você?
Afinal o que é identidade ou quais identidades constitui-se numa única? Não sei, e o Preto Mundo me ajuda a refletir, a me ver e me achar. Aproveite a viagem.
A página Pretas vem para reafirmação e valorização das mulheres pretas numa sociedade em que o racismo e o machismo é cruel para as negras, que sofrem abusos, violências e estão no patamar mais baixo da sociedade sendo inclusive desprezada pelos seus pares negros que desvalorizam a mulher negra conforme os dados e estatísticas sobre casamentos publicados em estudos. Então em que espaços essa mulher pode se afirmar ? Penso que alguns deles são as redes sociais em que somos sempre humilhadas por imagens ridicularizadoras, vulgares, depreciativas e sexualizadas que nos apresentam sempre como objeto sexual numa reileitura suja de Casa Grande e Senzala.
Orgulho negro ? Sim, sempre é super importante resgatar a autoestima do nosso povo, criar uma imagem positiva de nossas características ancestrais, de nossa religião, cultura, corporeidade.
Orgulho negro ? Sim, sempre é super importante resgatar a autoestima do nosso povo, criar uma imagem positiva de nossas características ancestrais, de nossa religião, cultura, corporeidade.
Uma vez que somos o tempo todo massacrados pela mídia que nos apresenta como marginais, bandidos e prostitutas criando um ódio do negro pela suas origens tida como amaldiçoada nesse discursinho vulgar de certas igrejas que afirmam que somos negros devido uma maldição e que a escravidão é oriunda disso num discurso desumanizante que tem servido como arcabouço teórico para justificar a escravdão.Situação dos negros no Brasil ? Basta dar uma lida no Relatório das Desigualdades Raciais e o Mapa da Violência. Não temos situação nenhuma. Estamos nos piores empregos, nas maiores estatísticas de doenças, mortalidades, homicídios, nossa juventude está sendo morta todas as horas e não temos o que fazer, uma vez que parece legítimo a sociedade racista branca a mortande de nosso grupo. E estar privilegiada não me permite não ter uma visão crítica do mundo, pois ele não gira em torno de mim e nem posso e nunca serei o paradigma de uma vitória que não tem nada de subjetiva, enquanto como grupo estamos jogados as traças.
Asé a todos e a todas. Coragem, força, ânimo para lutar por que vencer para um/a negro/a significa a vitória para o coletivo. E que a internet sirva de fortalecimento de identidade racial, probelmatização e constante pensamentos sobre a questão racial que estamos dentro. Para finalizar eu cito essas palavras objetivas e enegrecedoras
Parece simples definir quem é negro no Brasil. Mas, num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como negras. Assim, a questão da identidade do negro é um processo doloroso.(Kabengele Munanga)
Conheça mais o Preto Mundo e curtam sua página no FB - https://www.facebook.com/pages/Preto-mundo/200270373381909?fref=ts
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